Ontem, na TV, ouvi o senhor Major. Encontrava-se no meio de umas imponentes escadarias e estava muito mais calmo.
É que já foi notificado e disse: passei de arguido a acusado.
Entretanto, sobre o atraso (?) na notificação do senhor Major, os senhores jornalistas dividem-se; uns dizem que o atraso(?) se ficou a dever a avaria nas fotocopiadoras do tribunal; outros, que o atraso se ficou a dever a uma exigência do senhor Major.
De acordo com esta segunda versão, o senhor Major terá exigido ser notificado no local e na hora por ele escolhidos.
Conhecendo-se, como se conhece, a modéstia do senhor Major, não acredito nesta última explicação. Seguramente que o senhor Major não aceitaria um tratamento especial eximindo-se à notificação por carta simples com prova de depósito, prevista na lei.
A não ser que o senhor Major, quando prestou o termo de identidade e residência previsto no Código de Processo Penal, logo tenha declarado que não possuía receptáculo onde as notificações pudessem ser colocadas. Esta explicação não é credível uma vez que - à falta de outro - sempre existiria o receptáculo do camarote do estádio...
As declarações do senhor Major - para além da revelação de já ter sido notificado, o que não é coisa de somenos, não fosse o senhor Major adoecer de tanta excitação - valem, também, por outra revelação de extrema importância: o senhor Major passou de arguido a acusado.
Quer dizer, pensa o senhor Major que agora é menos do que era.
Na verdade, e perdoem-me a presunção, nos termos da lei as coisas não são bem assim: só pode ser acusado quem é arguido e é arguido quem é acusado.
Mas que culpa tem o senhor Major de não ser jurista e não perceber nada de tribunais, apesar das sentenças que dita diariamente. Na verdade, o senhor Major é só militar na reserva, Presidente da Câmara, empresário, dirigente do Metro do Porto, director do futebol e de clubes (é ou foi - desculpem-me a ignorância) e - dizem alguns jornais - em períodos eleitoriais - oferece frigoríficos, baldes de plástico e outras coisas, o que, vendo profundamente as coisas não tem mal nenhum, cada um oferece o que gosta, a sua bolsa permite e os felizardos necessitam. Eu confesso, frigoríficos nunca ofereci e, também, nunca ninguém me ofereceu. Mas a culpa é minha, não sou de Gondomar...
Para terminar e para responder àqueles que se questionam sobre o teor destes "postais", assegurando que por trás disto tudo há-de existir uma razão clubística e bairrista, confesso: não sou do Boavista, sou do Benfica, mas não praticante, tanto assim que nem sequer me digno ir ao santo sacrifício da saída (do estádio, está claro); não sou do Norte nem de Gondomar e sim alfacinha a residir em Almada e disto me penitencio.
2 comentários:
Já era para te ter cumprimentado pela estreia! Mas antecipaste-te...
Quanto à notícia, parece que, afinal, tudo era apenas "a bem do Gondomarense", segundo consta de notícia publicada no JN.
Se assim for, ainda que seja criticável, compreende-se a motivação do sr. Major, um benemérito que, para tal, até abandonou a Presidência do Boavista!
Talvez seja por estar na moda ser-se de uma equipa e ter-se acções noutra.
Como dizia o outro, "chapéus há muitos"!
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